domingo, 7 de novembro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010

essa facadinha que você sente penetrar na sua carne devagarzinho e sempre,
O efeito nulo dessa pomadinha de arnica que você salpica religiosamente entre o banho das sete da manhã e o das sete da noite,
Esse resmungar tão sem propósito que vira quase grito gemido que vira silêncio,
Essa miopia de cores que eu não sei se deve à preguiça dos cones ou à atitude relapsa dos bastonetes
Essa falsa tranquilidade que é na verdade fraqueza impossibilidade de qualquer minúscula ação qualquer
- Já que a situação não muda
A posição (não) muda menos ainda -
Esse autismo do mais alto suspiro da vida
Esse baião estático
Essa valsa vencida
Esse sangramento de água mais NaCl que o doutor sempre acha que sabe de que se trata
Isso na minha terra quando eu buscava minha nega muito elegante debruçada na janela e ela não aparecia aprisionada num romance pregada numa barra de saia engomada
Quando eu sentava sozinho no banco da praça e a brisa batia na janela trancada e vinha ter comigo
Também desolada
Ela me dizia assim
Que o nome disso não era sonoro
Nem emperiquitado
Nem era importado
Era saudade.
18/10/10